
“Brasão de armas do antigo reino da Boémia na actual Rep. Checa”
ROUXINÓIS NA “BOÉMIA”
Hoje, passei p’ra lá daquela serra,
Lá onde as gaivotas beijam a terra
E nos trazem os recados do mar,
Porque seus murmúrios quis escutar;
E as gaivotas me trouxeram por paga,
As novas, de um bando de rouxinóis
Que voaram alto, prós céus de Praga,
P’ra lá dos lás, e dos fás, e dos sois;
E em bosques boémios, fora de horas
Afrontaram outras aves canoras.
E eu aqui, quase a morrer de inveja,
Claro que, entre aspas, e salvo seja!
Ou, sem salvo seja nem reticências
Era inveja sim! Mas sem consequências!
Voar, voar, era tudo o que queria,
E cantar, e cantar ainda mais,
E beber a jorros, mas de alegria,
E sonhar, com tesouros de cristais;
E afrontar em desafios depois,
Outras aves, que não os rouxinóis.
O eco, que de Milevsko, se ouvia,
Eram saraus em coro, e harmonia.
Percorriam os ares, como hinos,
E como nos céus de Praga, os sinos;
Também as vossas vozes ressoavam…
E eu, privado de estar ao vosso lado,
Pude sentir o trinar que entoavam,
De Almeirim, as saudades do seu fado;
Quando em bosques boémios fora de horas,
Se afrontavam outras aves canoras.
João Chamiço
2007-10-06
Este poema começou por ser uma mensagem de SMS para aos colegas Coralistas que se encontravam em digressão pela República Checa a convite do Coral da cidade de Milevsko, situada geograficamente na Boémia meridional.